quarta-feira, maio 27, 2009

Breakfast at Tiffany's (1961)



Quando meu amigo Armando convidou-me a escrever novamente para o LTBML, fiquei em dúvida. Estava parado há bastante tempo e sem muita inspiração para escrever. Porém, a vida é cheia de surpresas e, numa noite dessas, sem querer, acabei assistindo a um filme que há muito queria ver:

Ficha Técnica
Título Original: Breakfast at Tiffany's
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 115 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1961
Estúdio: Paramount Pictures / Jurow-Shepherd
Direção: Blake Edwards
Roteiro: George Axelrod, baseado em livro de Truman Capote
Produção: Martin Jurow e Richard Shepherd
Música: Henry Mancini
Fotografia: Franz Planer e Philip H. Lathrop

Por mais tolo que posso parecer, ou até mesmo outro comentário mais maldoso. Enfim, era um filme que eu realmente queria ver. Sou um admirador dos filmes antigos, e em especial dos clássicos entre os anos 40 e 70. E com certeza os musicais da Metro eram fantásticos. Em todo caso, o importante é que esta película me inspirou e, por este motivo, cá estou para sugerir e dar a conhecer algumas das produções culturais de nosso tempo.

Comecemos com Breakfast at Tiffany’s. Como diz a ficha técnica, o roteiro foi baseado em um livro homônimo de Truman Capote escrito em 1958, e este teria imaginado a história para que Marilyn Monroe pudesse estrelá-la nas telas. A personagem principal é Holly Golightly, uma garota de programa que sonha em se casar com um milionário.

No livro de Capote, a personagem assume claramente sua posição de prostituta de luxo e, inclusive, possui uma inclinação à bissexualidade. Faz bastante sentido pensar em Marilyn em um papel como esse; não por qualquer motivo malicioso, mas pela mera constatação que a sua figura voluptuosa seria perfeita para a Holly do livro.

Porém, os deuses do Cinema quiseram que as coisas fossem diferentes. Marilyn era contratada da FOX e quem detinha os direitos de filmagem do livro era a Paramount. Desse modo, foi necessário encontrar uma nova Holly. Os produtores optaram por Audrey Hepburn que, até então, tinha interpretado somente boas moças.

Em uma jogada para adequar a personagem Holly à figura de Audrey, o roteiro foi bastante amenizado por George Axelrod, que também assinaria a adaptação de outro clássico, The Manchurian Candidate (Sob o Domínio do Mal), de 1962. Elementos como a bissexualidade e a volúpia foram suprimidos em favor da ingenuidade e de toques de humor.

Da mesma forma, quando Hepburn foi escalada para o papel principal o diretor também foi trocado. Inicialmente seria John Frankenheimer que, por coincidência, dirigiria o mesmo The Manchurian Candidate roteirizado por Axelrod. Então pressionada pela nova Holly Golightly, a Paramount contratou Blake Edwards para a direção de Breakfast. Edwards ficaria famoso, em especial, pela parceria com Peter Sellers nos longas com a personagem da Pantera Cor-de-Rosa.

Na primeira cena, em que Holly observa as vitrines da loja de jóias Tiffanys, ao fundo é possível ouvir a música Moon River, composta especialmente para a trilha sonora. A beleza austera de Audrey e a música de Henry Mancini são o prenúncio perfeito das características do longa.

O enredo gira ao redor da história dessa moça que fugiu de uma vida no campo e acabou em Nova Iorque, que acompanha senhores a festas e é paga “para ir ao banheiro”, que tem um gato chamado Gato, que se envolve com o vizinho escritor parecido com seu irmão Fred, que dá festas para a boemia nova-iorquina em um minúsculo apartamento. Uma mistura interessante de coisas que não deveriam estar misturadas, e que, inexplicavelmente, funcionam muito bem em Breakfast at Tiffany’s.

Capote com certeza não esperava que seu drama denso se tornasse “água-com-açúcar” nas telas dos cinemas, porém aconteceu. E, apesar de uma aparente superficialidade, Breakfast é um dos mais importantes representantes de um cinema que poucos ainda apreciam: aquele em que questões pesadas como prostituição podem ser abordadas com a beleza e a doçura de uma Audrey Hepburn.

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