domingo, abril 10, 2011

The Walking Dead





Zumbis? Há muito tempo os mortos-vivos não metem medo e citar hoje a palavra pouco significa para o agonizante cenário dos filmes de horror.

Isso até a feliz chegada de “The Walking Dead” a série produzida pela AMC que colecionou sucessivos recordes de audiência na televisão à cabo nos Estados Unidos. O último episódio teve nada menos do que 6 milhões de telespectadores, um número absurdo para os padrões de produções normais.

Lutando contra o improvável abismo que existe entre o cinema e a televisão a série surpreendeu ao mostrar que a aposta no seguimento, que se mostrava agonizante de cérebro e idéias no cinema(“Resident Evil e “Quase Todo mundo Morto” não dá né?), era válida em outro formato.

Com a mão certeira de Frank Darabont(“Um Sonho de Liberdade”, “Á Espera de um Milagre”) por trás do projeto, a primeira temporada agradou aos telespectadores e a crítica, e apesar de ter apenas seis episódios, já mobilizou fãs suficientes para garantir sua sobrevivência por mais um ano.

Baseada nas hq´s de Robert Kirkman, a série tem uma produção cheia de estilo, uma fotografia competente e uma equipe de maquiagem capaz de “zumbificar” seu elenco de forma bastante convincente - o que é essencial em uma era aonde nada mais surpreende quando o assunto são efeitos especiais/visuais.


Os clichês estão presentes, mas sempre com algo a mais e isso fica claro desde o primeiro episódio. Se existem balas e sanguinolência, existe também um teor emocional embutido nas cenas. Os zumbis não são exatamente “mortais”, “famintos” e “perigosos”; na realidade um ser humano normal com um taco de beisebol consegue derrubar sem dificuldade um morto vivo. O medo está baseado na falta de esperança e no desespero da perda de pessoas queridas para o estado de pós-morte.

Uma contaminação global fez com que o número de zumbis superasse em muito o número de seres humanos. As cidades estão desertas, não existem governos e quase nenhum grupo organizado de sobreviventes. Arrumar água, alimentos e abrigo é um problema sério. Quase todas as personagens presenciaram a morte de alguém de suas famílias e isso inclui velhinhos e crianças. Não existe pista sobre a cura da “doença” que transforma seres humanos em zumbis, só se sabe que ela age no cérebro e que qualquer um mordido, arranhado ou exposto ao sangue dos mortos-vivos está condenado.

Nesse cenário ressurge com maestria a boa e velha temática que sinceramente pensei estar obsoleta para o telespectador moderno.

A indústria do medo fantástico está em declínio já há algum tempo. Nossas crianças já crescem informatizadas e com menos de dez anos já trucidam monstros (e humanos!) em vídeo games de alta geração. Não existe mais o fascínio pelo sobrenatural e sim uma racionalidade excessiva. Não tememos vampiros, lobisomens e monstros, mas o stress, o infarto e a síndrome do pânico.
Para uma geração significativa, que responde por grande parte das receitas dos cinemas, após “Harry Potter” e mais recentemente “Crepúsculo”, vampiros, bruxos e outros seres sobrenaturais se tornaram “bacanas”, despertam admiração e curiosidade – e não medo. Pode?

Dito isto, acredito que “The Walkng Dead” aposta justamente aonde outros falharam. No medo do desconhecido.

Sem essa de temer o camarada maquiado que se arrasta em sua direção. Não existe o medo do óbvio ou da escatologia presente em cenas de violência explícita.
A morte é sempre a razão final de todos os temores e a série usa e abusa disso. Poderiam ser zumbis, ou apenas um vírus mortal, mas o que desmorona a racionalidade do ser humano e apela para seus mais primitivos instintos de medo é a sensação perene de perigo.

Tanques de guerra, arsenais nucleares, laboratórios de última geração, nada foi capaz de impedir a morte de avançar sobre milhões, talvez bilhões, de pessoas que agora caminham sem nenhuma lembrança do que um dia foram.

Falhar e falhar consecutivamente na simples tarefa de sobreviver é esse o fardo carregado pelos sobreviventes de “The Walking Dead”.



Confesso que não senti medo em nenhum episódio, mas um desconforto, uma impaciência e uma série de frustrações contínuas que não sei o que são. As cidades desabitadas são no mínimo perturbadoras.

Se o sonho dos adolescentes hoje é entrar no mundo de “Crepúsculo”, nosso “terror” moderno, de uma coisa eu tenho certeza: não trocaria minha poltrona pela vida pós-apocalíptica de “The Walking Dead” nem que a Krirsten Stewart me chamasse usando só um baby doll.

E isso é mais do que suficiente para temer.

sábado, abril 09, 2011

A Rede Social - Social Network




O assunto é propício, a realização coerente e suas personagens são reais, mas, muito além disso, “A Rede Social” tem algo em seu DNA que o torna mais que um grande filme: um retrato fiel sobre a modernidade e as relações sociais.

A história aparentemente não tem começo nem fim, não tem clímax, poucas cenas de romance, nenhuma de ação ou suspense...As personagens transitam sobre o imã central da trama o criador(ou um dos criadores) do “Facebook”, Mark Zuckerberg e sua forma pouco convencional de lidar com pessoas, relacionamentos e situações. Como explicar então o sucesso formidável da obra como um todo?

Não se engane. Do início ao fim, o filme é bem construído, ao começar pelo roteiro que amarra cada personagem e prende tudo ao redor da história e do conflito que acabou nos tribunais na disputa pela autoria da “idéia de ouro” que deu origem a rede social mais popular do mundo. A narrativa transcorre fluída e em nenhum momento existe o protagonismo desse ou daquele elemento individual.

David Fincher encontrou um equilíbrio perfeito para sua câmera, que antes adaptada ao ritmo frenético dos vídeo clips, agora se encontra quase documental. Um elemento régio, parte do cenário sob este ou aquele ângulo, que registra de forma imparcial e silenciosa a ação das personagens. Se fosse necessária uma palavra para descrever a direção do filme seria: imparcial. Duas? Imparcial e discreta.

Bem diferente de outros filmes que cheios de rebusques e ângulos rocambolescos chamam a atenção para a figura do diretor, podemos dizer que no caso de “A Rede Social” menos é mais.

O elenco é um dos principais, se não o principal, trunfos do filme que necessitava de uma atuação impecável para dar cor e brilho a história de personagens que além de reais ainda estão vivas e jovens. Imagine o fiasco de uma atuação medíocre?

Jesse Aisenberg, como Zuckerberg, Andrew Garfield como o brasileiro Eduardo Saverin e Armie Hammer como os gêmeos Cameron Winklevoss/Tyler Winklevoss conseguem sem preciosismo ressaltar cada elemento da personalidade de seus alteregos. Ponto para quem selecionou o elenco. Surpreendente inclusive a participação do ex-Spears e boy singer Justin Timberlake que não compromete ao interpretar Sean Parker, o criador do Napster.

Difícil definir aqui e ainda mais explicar para quem lê sem ter assistido a relevância da produção como obra cinematográfica. O filme não é necessariamente entretenimento e também não é um tratado sociológico ou antropológico apesar de transitar por vários desses caminhos.

O que vemos apesar da frieza dos fatos e da luta judicial que rondou os criadores do “Facebook” são ações e reações exclusivamente humanas.

A esperteza de um escroque intelectual mulherengo como Sean Parker mostra que nem sempre intelecto significa sucesso. A amizade de Zuckerberg e Saverin mostra como as vezes é complicado o relacionamento entre pessoas que por sua genialidade acabam criando formas próprias de auto-defesa. O protagonista inclusive se mostra arrogante, inescrupuloso, invejoso e em muitos momentos quase psicótico, parece impossível convencê-lo da necessidade de outros seres humanos.

Os gêmeos Winkelevoss também oferecem um contraponto interessante a história. São ricos, populares e pertencem a nata intelectual e esportiva de Harvard. São “enganados” por Zuckerberg que acaba “adaptando” uma idéia original e criando nas suas costas o “Facebook”.Sem mocinhos ou bandidos esse episódio é retratado como é. O facebook não existiria sem um ou sem outro.

Deixo aqui para encerrar a cereja do bolo. A cena que me causou um grande encantamento e ganhou minha torcida pelo sucesso do filme.

A última cena mostra Zuckerberg solicitando via “facebook” a permissão de amizade de sua ex-namorada. Ele atualiza a cada segundo repetitivamente a tela de seu monitor.

Com isso lembramos que o filme tem inicio com o término da relação dos dois, com a vendeta de Zuckerberg que insultou em seu blog a ex-namorada e decidiu criar um aplicativo para irritar as mulheres do campus comparando seus atributos. Dessa experiência surge tudo. 


 Refaço aqui um comentário escrito no começo deste texto. Depois da cena final conseguimos visualizar o inicio o meio e o fim(que sempre estiveram lá) e percebemos que as grandes histórias, reais ou não, famosas ou não, envolvem inevitavelmente homens e mulheres, relacionamentos e suas conseqüências. Alguém que aperta repetitivamente uma tecla em busca de um amor, uma amizade...etc.

Difícil imaginar que o “Facebook” surgiu porque alguém brigou com a namorada, ou porque era um nerd excluído em busca de aceitação, mas nem tudo precisa ser complicado como a gente imagina. Afinal uma rede social de duas ou de duas mil pessoas fala sobre a mesma coisa: comunicação.

Cisne Negro - Black Swan


  

"Ela dança as fases da lua tece vento e o ar rodopia..." (A Fada Azul - Oswaldo Montenegro)

Exuberante.

Como analisar Cisne Negro? Um filme tão complexo quanto exuberante, capaz de atrair e afastar a platéia ao propor um thriller psicológico que têm como plano de fundo um espetáculo erudito.

A história gira em torno de uma montagem da peça de balé “O Lago dos Cisnes” de Tchaikovsky, aonde um grupo dirigido por Thomas Leroy(Vincent Cassel) vive a expectativa da escolha de uma nova protagonista que substituirá Beth Macintyre(Winona Rider) descartada pela idade e por não atrair mais o grande público para as exibições. Buscando a conquista do maior papel de sua vida Nina Sayers(Natalie Portman), uma bailarina talentosa e tecnicista ao extremo, começa a sofrer as pressões da luta pelo seu lugar ao sol, e quando o conquista, da pressão por mantê-lo.

Em paralelo presenciamos a chegada de Lily(Mila Kunis) uma nova bailarina que entra no grupo esbanjando carisma, sensualidade e espontaneidade, características que faltam na personalidade infantilizada de Nina.

Adicione a esse ambiente já tumultuado a onipresença de Erica, mãe da protagonista, que persegue a própria filha e projeta nesta a infelicidade e paranóia pelo sucesso que não obteve em seu passado.
Junte todo esse conteúdo e entregue ao diretor certo que a receita de um thriller psicológico azedo e fabuloso será infalível. E este é o caso.

Aranofsky não é um diretor fácil. Genioso não oferece atalhos para seu público e exige mais que atenção,exige dedicação. Da mesma forma aqueles que se entregam aos detalhes de seus filmes não se arrependem e saem com uma experiência cinematográfica no mínimo surpreendente.

Assistir Cisne Negro é exaustivo, como a rotina das bailarinas, que se entregam de forma paranóica  a dança. No raspar das sapatilhas, no estalar dos dedos, no alongar de cada fibra, no vomito e na bulimia, do corpo medido com fita métrica e nos ensaios repetidos a exaustão inclusive no filme; Aranofsky nos entrega um ambiente psicologicamente perturbado, repleto de pressões e escravo do rigor técnico - e estar nesse ambiente é uma experiência compartilhada também com o público.

Portman está fantástica. Sua performance é a chave para todo o arco dramático da narrativa. Sua mudez ou sua fala vacilante, a dificuldade acentuada na articulação de frases entre outros detalhes mostram a sua maneira de encarar o mundo, na verdade de ser oprimida por ele. Sexualmente retraída, infantilizada, morando com a mãe sem direito a privacidade em um quarto rosa que bem poderia pertencer a uma menina de 14 anos, Nina é o cisne branco perfeito para a peça em construção. Seu rigor técnico e seu semblante angelical e casto fazem com que sua performance seja irretocável, mesmo que desprendida de certa emoção. O problema aparece na entrada do Cisne Negro que dá nome ao filme. O papel exige sensualidade, interpretação, arrogância, confiança e muitas outras características que incomodam a personalidade de Nina causando um bloqueio enfrentado a base de paranóia.

E essa pressão incentivada por um obstinado Cassel acaba desmoronando sobre a personagem interpretada por Kunis. Ora vista como amiga, ora como algoz é difícil saber exatamente quando entra em cena a Lily real ou aquela que só existe nos olhos de Nina.

Percebemos que sexualmente, seja retirando uma calcinha sob o vestido ou indo as vias de fato, Lily é tudo o que Nina não se permitiu ser. Essa contradição passa a ser projetada no sentido inverso, de dentro para fora de Nina que em certo momento não diferencia mais realidade e ilusão, não se sabe se Lily está em sua mente ou no mundo real.

Cassel e Rider  colaboram como as duas principais artérias emocionais que sobrecarregam a protagonista. Leroy nunca está satisfeito e não desiste de tentar despertar o cisne negro presente em Nina. Ele sintetiza as pressões do grupo de balé e a extrema concorrência pelo papel principal enquanto Macntyre simboliza a decadência do belo e o peso inevitável da idade que uma hora ou outra encerra a carreira de uma bailarina independente de sua excelência técnica.

O filme têm ainda muitos aspectos semióticos interessantíssimos. O constante uso do branco e do negro que muitas vezes delimita a realidade “clara” dos momentos felizes de Nina, com as sombras de seus temores e pesadelos evidenciados inclusive na maquiagem que acompanha a imersão dos delírios da protagonista no “escuro”. Perceba que até a escolha de Kunis não foi ao acaso, sua tez morena é também o oposto da palidez de Portman.

Para encerra deixo aqui o que foi para mim a sutil presença da genialidade da câmera de Aranofsky. O espelho é o elemento unificador da história. Sempre presente, revela o olhar perturbado de Portman, mas não consegue revelar seu interior, acompanha as bailarinas, os ensaios, está no camarim, no banheiro, em qualquer lugar como um expectador onisciente. Em muitos momentos cabe a ele o papel de trazer à trama o suspense quando a imagem que reflete contradiz o real.

Em seu momento de maior brilhantismo participa do clímax da produção e encerra seu papel como arma do crime, faca de vidro que reflete.




A dança final é fantástica e mostra de forma assombrosa a transformação de Portman na bailarina perfeita, cisne negro e branco em sintonia. O único momento de real felicidade de sua protagonista fica para os passos finais quando ela se sente enfim aceita diante de todos.

Para quem assistiu o filme me permitam concordar: sobe a trilha, sons de aplausos em crescente.
Um murmúrio: Perfect. 


O Vencedor - The Fighter



"... In the clearing stands a boxer
And a fighter by his trade
And he carries the reminders
Of ev'ry glove that layed him down
Or cut him till he cried out
In his anger and his shame
"I am leaving, I am leaving"
But the fighter still remains
Lie la lie..."

(Simon and Garfunkel - The Boxer)

O lutador de boxe é uma figura icônica. Quase todos campeões que triunfaram sobre os ringues e levantaram um cinturão mundial possuem uma história de superação marcante na trajetória que tornaram seus punhos os mais temidos de uma época.

Mick Ward não foi diferente. Campeão dos pesos médios em 2000 teve sua história narrada no filme “O Vencedor”(The Fighter) que concorreu ao Oscar de Melhor Filme.

A “profissão” de lutador é bem diferente da luta praticada como esporte e isso influencia muito a história de seus protagonistas. A grande maioria dos homens e mulheres que aceitavam entrar em um ringue para trocar socos com um adversário arriscando com isso sua integridade física não o fazia pela simples arte de competir, mas por algo mais, geralmente por sobrevivência ou por uma vida melhor longe da miséria dos subúrbios.

Trabalhadores braçais, jovens pobres, imigrantes longe de casa, marginalizados e excluídos por preconceitos raciais de cor ou credo, era essa a matéria prima que gerou grandes campeões de boxe, que lutavam contra os próprios destinos antes de nocautear o lutador do outro corner.

Ward lutava contra inimigos invisíveis que quase destruíram sua carreira. Filho de uma conturbada família de imigrantes irlandeses, viveu sob a sombra de seu irmão mais velho, o também ex-boxeador Dick Ecklund, adorado no microuniverso familiar e bairrista por tudo o que quase foi ao protagonizar um embate histórico contra a lenda Sugar Ray Leonard.

Esse embate serve como assunto recorrente nas linhas do roteiro que mostram toda a frustração de Ward que não consegue ser protagonista de sua própria carreira ofuscado pelo irmão - que é na realidade a ovelha negra da família.

Ecklund jogou pelo ralo uma carreira promissora e se entregou ao vício do crack. Passou a viver como junkie que dividia seu tempo treinando Ward e gravando um documentário sobre a decadência dos viciados para um canal de TV que alimentava seu estilo de vida com uns trocados em troca de sua imagem. Nessa rotina é visível a diferença de personalidades dos irmãos que parecem uma parábola do filho pródigo atualizada.

O mais velho nesse caso é aquele que gastou todos seus bens(nesse caso seus dons) e partiu para uma jornada de satisfações pessoais retornando para a família quando percebeu estar no fundo do poço.

Ward  é o bom irmão, ajuizado, obstinado em seus treinos, trabalhador, e dedicado não somente aos planos que traçou para ele, mas para todos aos quais ama. Seu sonho não é pessoal, mas coletivo, a luta pelo cinturão é uma causa de família derivada da trajetória frustrante de Ecklund. Até sua postura no ringue reflete isso, Ward resistia a mais pancadas que um lutador comum, batia igual, mas agüentava mais - lembrando um pouco inclusive Jake La Motta.

Nessa relação é clara a predileção da mãe pelo filho mais velho, que é de certa forma “mimado” com uma proteção e veneração que ignora suas idas e vindas recorrentes à cadeia.

Assim como os grandes acontecimentos que marcam a história mundial, e em um recorte particular, a história de qualquer esporte, conhecemos apenas a visão dos vencedores, aquele que por um motivo ou outro se destacaram dos ordinários e medíocres delegados ao esquecimento. E Ward sabia disso. Compreendia que para ser mais que um herói de bairro, como seu irmão teria, que travar lutas pessoais dificílimas antes de subir no ringue e destroçar as costelas de seus adversários. E isso significaria ser duro e até renegar a mãe e o irmão pelos quais possuía legítima adoração.

A história só foi para as telas pela dedicação do ator Mark Walbergh, que além de produzir o longa ficou com o papel principal.

O resultado? Um filme sensato, sem muitos floreios, mas com escolhas certas.

As câmeras são antigas, no sentido literal da palavra. Opção do diretor David O´Russel que imaginou que somente dessa forma conseguiria o efeito planejado que funciona de forma magnífica.

Apoiado por uma fotografia com luzes frias e um movimento constante de câmera sem apoio(a famosa “mãos a obra”) o filme muitas vezes adquire uma cara de documentário.

As excelentes atuações de Melissa Leo como Alice, a mãe do lutador, e de Christian Bale como Ecklund, sustentam a ausência de brilho pessoal de Ward/Walbergh, repetindo no casting as linhas do roteiro. Tanto que ambos receberam com justiça os Oscars de ator/atriz coadjuvante pelo filme.

Acertadamente, “O Vencedor” retrata mais do que apenas a carreira de Ward, mas todo o drama ao redor dela.

Na construção e eficácia não chega aos pés de “Touro Indomável”, e essa comparação, apesar de injusta é necessária, porque sempre é a primeira que surge quando um filme sobre boxe é lançado.

A história é previsível por natureza: começo difícil, ápice redentor. Com um número necessário de clichês e uma quantidade reduzida de cenas de luta de qualidade, o filme vence, como diz o título, não por falar de boxe ou de um ex-campeão, mas por falar de alguém que lutou contra um destino medíocre para se tornar algo mais e cravar seu nome na história.

Vencer não é um resultado, mas um processo.

 
Tema para Blogger Mínima 233
Original de Douglas Bowman | Modificado por :: BloggerSPhera ::