segunda-feira, setembro 25, 2006

Walk The Line

"Well, you wonder why I always dress in black,Why you never see bright colors on my back,And why does my appearance seem to have a somber tone.Well, there's a reason for the things that I have on." Johnny Cash - Man in Black



Se música fosse poesia o Cash era Byroniano, daria a mão pro Alvarez de Azevedo e ia musicar a Lira dos Vinte Anos, não pela forma, mas pelo conceito. No Romantismo o Alvarez de Azevedo é da terceira geração não por acaso, mas porque antes dele duas gerações foram aperfeiçoadas na arte do sofrer, só que os outros disfarçavam melhor, uns falando de índios outros falando da infância e de escravos. Por isso o Azevedo era o cara, a dor de corno dele foi a maior de todas,e ele não escondia isso, era tão grande que ele queria morrer . E conseguiu. O cara já era tuberculoso e ainda caiu do cavalo pra morrer de tumor . Quem escreve Lira dos Vinte Anos está no estágio zero da dor de amor, o estágio mais irracional, que termina em homicídio, suicídio ou nos dois. E o Cash passou perto, já tava largado e viciado, falido e na sarjeta, quando foi salvo pelo seu amor. Uma fábula urbana que durou até 2002. Cash não foi um guitar hero, mas sim o mais romântico herói do rock.

Quem não conhece a história deve assistir Walk the Line, traduzido por nossa central de inteligência brasileira como Johnny e June, o filme não chega a ser uma obra de arte, mas é fiel ao homem de preto. Joaquin Phoenix ganhou meu respeito por cantar durante todo o filme e mesmo assim não perder o compasso ao tentar atingir o tom de uma das vozes mais inconfundíveis do rock . Reese Witerspoon, não canta nem parecido com a June Carter, mas o desempenho para a atriz de bombas como Legalmente Loira, foi surpreendente. O Oscar exagerado.
Se se morre de amor ? Sim se morre . Foda-se o Gonçalvez Dias, ele tava errado. Olha o Cash
Depois de vinte anos de sofrimento para conseguir um pouco de poesia Johnny realmente “andou na linha” e após se casar com June Carter, seu grande amor, viveu com ela até a morte. Ela morreu e quatro meses depois ele morreu. O médico pode falar o que quiser, que foi diabetes ou a tal Síndrome de Shy-Dragger, mas o cara morreu de amor.
Vale a pena conferir o filme e a discografia . Rock de primeira qualidade com uma pegada country e um vocal poderoso e inconfundível.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Corpo-a-Corpo com a Vida - João Antônio




" Escrever é sangrar. Sempre desde a Biblia. Se não sangra, é escrever ?
Em tempo, esquecer as épocas, as modas, as escolas, as ondas, os "ismos". Notar: Cervantes, Dostoievski, Balzac. Corpos-s-corpos com a vida e fundamentalmente. O resto foi arremedo.
Ou muita vez nem isso."


João Antonio - Corpo-a-Corpo com a Vida
in Malhação do Judas Carioca







Me desculpe o Bandeira e sua Lírica mas preciso dela para esse post.
Estou farto do jornalismo comedido, do jornalismo bem comportado, do jornalismo funcionário com dead line, número de caracteres e manifestações de apreço ao senhor editor . Estou farto do jornalismo que pára e vai averiguar no dicionário para utilizar palavras que o cidadão médio não vai entender, vernáculo ou vocábulo. Estou farto do “jornalismo-computador”, imóvel, tetraplégico, cancerígeno. De todo jornalismo que se pré- produz como uma linha de montagem.
É resto, é o não-jornalismo, com pré-diagramação e receita pronta de como enganar o público leitor.
Quero antes o jornalismo das ruas, dos bares, dos bêbados, o jornalismo difícil e pungente do corpo-a-corpo com a vida, o jornalismo de viradores como João Antonio.
Não quero saber de jornalismo que não seja sangue.

Post de pura revolta que se inflama a cada segunda-feira . Nenhuma matéria tem se revelado pior que Jornalismo Impresso III. Escrever sobre temas esparsos e projetos sem utilidade pública imediata aparente tem me desmotivado em relação ao curso, pesquisas que só tem importância no ambiente acadêmico, e que mesmo assim não serão divulgadas, me dão a sensação de estar escrevendo somente para obter uma falsa prática em lead e diagramação, uma desculpa para justificar 4 créditos no final do semestre; me sinto enganado ao ver que querem me tornar bacharel em receitas de matérias pré-fabricadas, que o professor insiste em endossar com entrevistas ao corpo docente e a alunos da própria faculdade. A vontade que eu tenho é de entrevistar minha mãe sobre uma receita de bolo e jogar tudo na diagramação que o Luciano irá pré-definir pra sair em uma revista que só eu e mais cinqüenta colegas receberão.
Escrever para mim não é isso. Meu texto só flui quando sangra, quando a matéria parece querer nascer prematura, quando as palavras saltam para ver a luz da publicação.
Vejo hoje o jornalismo com certo ceticismo.
Vejo que o sangue que eu busco, o Corpo-a-Corpo com a Vida da crônica e da literatura de João Antonio está morrendo na profissão e sendo substituído por jornalistas burocratas, jornalistas computadores, jornalistas fordistas, vejo a lança varar o lado esquerdo do peito da informação e só sair água . Vejo cada vez mais em nosso meio frustração, jornalista falando como intelectual, e intelectual fingindo ser jornalista. “Escrever é sangrar...” não quero mais que confundam as coisas, tem muita gente sangrando sangue azul de três gerações de tradição e realeza. Quero o jornalismo vingança, com motivo e veracidade, passional como um suicida e cheio de sangue vermelho nas veias.

sábado, setembro 16, 2006

A Insustentável Leveza do Ser - The Unbearable Lightness of Being




"Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa realização vital...”

"...Então o que escolher ?
O peso ou a leveza ?..."



O best-seller de Milan Kundera que todo mundo leu na década de 80 é para as feministas o livro negro da literatura. Assim como a Hotel Califórnia do Eagles é considerada falsamente um hino do demo em primeira pessoa, A Insustentável Leveza do Ser ganhou para si um estigma, uma chaga. No brado das feministas o livro era uma aberração. Para elas Tomas é o anticristo personificado em forma de um símbolo fálico infiel que faz Hitler, Mao Tsé Tung e Hussein parecerem monges trapistas.
Para mim é exatamente o contrário. As personagens femininas do livro são a essência da alma da mulher. Sabina e Tereza são completas, complexas, inteligentes e extremamente femininas. São a insustentável leveza. Independente da descrição de Kundera, imagino Tereza como Hepburn e Sabina como Rita Heyworth em cabelos curtos, e nada irá tirar essa idéia de perfeição da minha cabeça .Nada mais forte que o chapéu coco e a personalidade de Sabina, nada mais apaixonante que a dependência e a resignação de Tereza. Tomas é apenas um boneco nos braços das mulheres do livro, preso e cheio de remorsos pelas suas infidelidades, no fim não é o homem que vence e sim a mulher. A mulher no seu princípio mais puro, a mulher de Vinicius de Moraes, “....a mulher com um molejo de amor machucado, uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher, feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor e ser só perdão.” Esse post é uma homenagem a todas as mulheres que fazem a vida de nós homens mais complicada e infinitamente mais completa. E por favor parem com essa história de feminismo e de igualdade. A mulher é extremamente superior ao homem, basta ela perceber isso. O feminismo destrói a feminilidade.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Samba da Benção - Vinicius de Moraes


Caro Leitor, agora que as regras do jogo estão postas darei algumas informações sobre seu personagem recém adquirido em forma de blog.
Sou, Brasileiro, solteiro, 24 anos, branco, jornalista.
Quem quiser me entender precisa saber que prefiro a guitarra de Clapton à de Hendrix, a beleza de Audrey Hepburn à de Marylin Monroe. Que sou azarado e tenho um pouco da maldição dos Buendia de Gabriel Garcia Márquez. Que amo música e odeio pagode. Corinthiano, maloqueiro e sofredor no coração.
Beatlemaniaco, cinéfilo, Lennon e Kubrick. Ouvinte atento de vozes urbanas como Chico Buarque e Oswaldo Montenegro, de oráculos como Raul Seixas.
Amo sempre a mulher certa na hora errada. Sempre. E isso parece que não vai mudar tão cedo.
É aqui que entra o Samba da Benção.
Coisas em que eu não acredito: sorte, um mundo mais justo e pagode bom. Não existe pagode bom, mas o que muitos confundem com esse tipo execrável de música é o samba.
O samba é uma bossa embalada, com uma ponta de dor e uma alegria fingida e despretensiosa. Todo mundo que ouvir com calma um cara como o Vinicius, nosso poetinha, vai perceber como o samba é puro e diferente de qualquer outro ritmo. Uma cachaça envelhecida em um barril mágico.
Todo mundo tem um pouco de bossa e samba na vida, um sentimento ferido e machucado que impede a banalidade do existir. Imagine como seria banal ser feliz. Não ter nada para lutar ou almejar, seres perfeitos sem espada ou escudo, sem guerra, sem paixão, sem morte e conseqüentemente sem vida.
O que traz graça a nossa vida é a vitória, é poder trepudiar em cima do derrotado, é o gosto da superação, é sofrer com a derrota e aprender com ela. É a vida movida a total flex por paixão e ódio. Se quisesse uma vida igual a de uma samambaia conquistaria somente as mulheres fáceis e lutaria somente as batalhas que a vitória é certa, como não sou assim, fico como estou, querendo um dia ter mais dinheiro do que eu possa gastar, desejando sempre a mulher que eu não posso ter, continuarei amando até o fim meus amigos e odiando meus inimigos, desejando o bem de poucos e a desgraça de muitos. Não nasci para o pagode, nasci para o samba e o mestre Vinicius já dizia ...
Pra fazer um samba é preciso um bocado de tristeza.....

terça-feira, setembro 12, 2006

Let There Be More Light

Let There Be More Light...
Não encontrei um nome melhor para esse blog. Além de ser o nome de uma música do Pink Floyd é esse o propósito disso aqui.
Enlightment. Através do cinema, da música e da literatura pretendo fazer desse espaço um canto para todos aqueles que curtem de verdade falar sobre o assunto. Não espere democracia, o blog é meu, a opinião é minha o objetivo é gerar a discussão.
Vou tentar não entediar ninguém enquanto falo da minha vida por isso sempre vou colocar como tema uma música, um livro ou um filme para postar ...bom por enquanto é isso.
 
Tema para Blogger Mínima 233
Original de Douglas Bowman | Modificado por :: BloggerSPhera ::