segunda-feira, setembro 18, 2006

Corpo-a-Corpo com a Vida - João Antônio




" Escrever é sangrar. Sempre desde a Biblia. Se não sangra, é escrever ?
Em tempo, esquecer as épocas, as modas, as escolas, as ondas, os "ismos". Notar: Cervantes, Dostoievski, Balzac. Corpos-s-corpos com a vida e fundamentalmente. O resto foi arremedo.
Ou muita vez nem isso."


João Antonio - Corpo-a-Corpo com a Vida
in Malhação do Judas Carioca







Me desculpe o Bandeira e sua Lírica mas preciso dela para esse post.
Estou farto do jornalismo comedido, do jornalismo bem comportado, do jornalismo funcionário com dead line, número de caracteres e manifestações de apreço ao senhor editor . Estou farto do jornalismo que pára e vai averiguar no dicionário para utilizar palavras que o cidadão médio não vai entender, vernáculo ou vocábulo. Estou farto do “jornalismo-computador”, imóvel, tetraplégico, cancerígeno. De todo jornalismo que se pré- produz como uma linha de montagem.
É resto, é o não-jornalismo, com pré-diagramação e receita pronta de como enganar o público leitor.
Quero antes o jornalismo das ruas, dos bares, dos bêbados, o jornalismo difícil e pungente do corpo-a-corpo com a vida, o jornalismo de viradores como João Antonio.
Não quero saber de jornalismo que não seja sangue.

Post de pura revolta que se inflama a cada segunda-feira . Nenhuma matéria tem se revelado pior que Jornalismo Impresso III. Escrever sobre temas esparsos e projetos sem utilidade pública imediata aparente tem me desmotivado em relação ao curso, pesquisas que só tem importância no ambiente acadêmico, e que mesmo assim não serão divulgadas, me dão a sensação de estar escrevendo somente para obter uma falsa prática em lead e diagramação, uma desculpa para justificar 4 créditos no final do semestre; me sinto enganado ao ver que querem me tornar bacharel em receitas de matérias pré-fabricadas, que o professor insiste em endossar com entrevistas ao corpo docente e a alunos da própria faculdade. A vontade que eu tenho é de entrevistar minha mãe sobre uma receita de bolo e jogar tudo na diagramação que o Luciano irá pré-definir pra sair em uma revista que só eu e mais cinqüenta colegas receberão.
Escrever para mim não é isso. Meu texto só flui quando sangra, quando a matéria parece querer nascer prematura, quando as palavras saltam para ver a luz da publicação.
Vejo hoje o jornalismo com certo ceticismo.
Vejo que o sangue que eu busco, o Corpo-a-Corpo com a Vida da crônica e da literatura de João Antonio está morrendo na profissão e sendo substituído por jornalistas burocratas, jornalistas computadores, jornalistas fordistas, vejo a lança varar o lado esquerdo do peito da informação e só sair água . Vejo cada vez mais em nosso meio frustração, jornalista falando como intelectual, e intelectual fingindo ser jornalista. “Escrever é sangrar...” não quero mais que confundam as coisas, tem muita gente sangrando sangue azul de três gerações de tradição e realeza. Quero o jornalismo vingança, com motivo e veracidade, passional como um suicida e cheio de sangue vermelho nas veias.

3 Comentários:

Unknown disse...

Desde a primeira aula tive a impressão de que estamos ali para sermos catequizados. O mais revoltante é a arrogância de certos "Doutores" que fazem pesquisa pela pesquisa. É a disputa pelo nome publicado no Scielo, é o maior currículo Lattes...

Bruno Calixto disse...

Cara, o mais engraçado é que as pessoas brigam justamente pelo o que vc ta criticando... que falta tecnica, que falta máquina, que bom mesmo é a Casper ou que se aprende jornalismo numa semana do Estadão... as vezes me pergunto se não seria muito mais proveitos pro curso se no lugar de todas as tecnicas redacionais tivessemos aulas como as do Max...

PS. Acho que agora arrumei os comentarios no meu blog... :D
Planta

Anônimo disse...

pô, concordo com o planta... devia ser td aula como a do max, do bertolli!!!!!

 
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