terça-feira, novembro 17, 2009

Em defesa do Ecletismo


Boa noite amigos leitores. Sei que há tempos não escrevo aqui e isso se deve a uma pequena confusão minha e do Japa na ordem de publicação e, admito, a um esquecimento meu há algumas semanas. Também tenho que confessar que não ando lendo ou assistindo, ou mesmo ouvindo, algo que possa considerar relevante.


No entanto, li recentemente um texto no Blog da Luciana Sabbag sobre Edith Piaf e, nos comentários, uma crítica aos que se dizem ecléticos. Explico. Luciana escreve sobre a intérprete francesa e se diz eclética, citando outros artistas que também gosta de ouvir. Nos comentários, uma senhorita afirma que os ecléticos são confusos e dá a entender que gostar do clássico é mais adequado do que procurar boas coisas para ouvir em todos os estilos.


Bom, pelo que já foi publicado nesse blog, já deu para perceber que tanto eu quanto o Japa somos ecléticos. E por isso venho em defesa da nossa classe.


Sou da opinião de que em todo estilo musical é possível obter prazer. E é isso que busco na música: prazer. Algumas canções podem não ser de um primor técnico, porém sua carga emocional ou a lembrança a que ela nos remete valem o ouvido indulgente.


Comecei, há muitos anos, gostando dos clássicos. Minha mãe costumava ouvir uma fita cassete dos “Concertos Internacionais” e aquilo era maravilhoso. Beethoven, Mozart, Strauss, Wagner. Houve também uma fase em que os rádios lá de casa tocavam Sinatra e Nat King Cole. Outro que sempre esteve presente foi o rei Roberto. Cauby, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Ney Matogrosso, Elis Regina, tantos nomes. Os sertanejos passaram por lá, igualmente: João Mineiro e Marciano, Tião Carreiro e Pardinho, Leandro e Leonardo, Chitãozinho e Xororó etc etc etc.


Não sei se vocês estão entendendo aonde quero chegar. O ponto é que essas músicas todas me acompanham desde muito cedo, e trazem memórias das quais é muito bom lembrar. Desde o Roberto Carlos nas viagens para ver a família, eu pequeno e passando mal no carro (sempre vomitava), até Strauss e suas melodias fortes que me enchiam o peito com uma vontade louca de desafiar minha mãe e ir brincar lá fora a noite.


Com o tempo, fui conhecendo tantas outras coisas e tantas outras memórias foram sendo ligadas a novas músicas. O Jazz que me dá uma nostalgia de não sei quê, ou o Bolero de Ravel que ouvi a Osesp tocar na cidade de Bauru, onde fui tão feliz na faculdade. Até mesmo o pagode de fim de semana, nos churrascos da vida, com os irmãos/amigos que fiz durantes o meu curso de jornalismo. Chego a admitir, inclusive, que o funk das festas de repúblicas, com as meninas dançando e todo mundo louco acompanhando, me traz boas lembranças.


Sertanejo universitário e festas de peão. Lembranças de quando eu andava a cavalo e sentia o vento e o cheiro do mato tocando gado em Santa Cruz do Rio Pardo. O rock do Iron Maiden me iniciando no mundo dos jovens e deixando de lado o tiozão dentro do garoto de 15 anos. Os Beatles e uma apresentação memorável nas salas da UNESP Bauru. Gershwin e as ruas de Nova Iorque – que eu nunca visitei.


Não... Não são só lembranças. São também vontades, desejos, até mesmo viagens... Viagens em espírito, por meio da música, a lugares que talvez eu jamais conheça, ou que tenho a ânsia de conhecer. O hinos celtas da Escócia e Irlanda me colocam mais perto do meu sonho de conhecer as ruínas dos círculos de pedra do povo antigo. O pagode que eu ouço, não mais em um churrasco com os amigos, me deixa mais próximo deles novamente, mesmo que por alguns minutos. O Jazz me traz o cheiro, o gosto, a vontade, de uma época que não vivi.


Sim, sou eclético. Sou complicado também. Sou humano também. Bebo cerveja, cachaça, refrigerante vagabundo, vinho francês e uísque 12 anos. A minha busca é por prazer. Ouço música por isso. Não é me restringir a uma coisa, mas estar disposto a achar algo bom em todo lugar.


Dá trabalho, eu sei. Mas vale a pena...


1 Comentário:

André Augusto disse...

Acho válido ter a mente aberta. Realmente dá prazer ouvir certos tipos de músicas em situações específicas, mas em casa, pra passar o tempo ou ler, por exemplo, apenas um tipo de música me agrada. O importante não é ser considerado eclético ou não, na minha visão. É vc tirar o melhor proveito de certas situações. iron Maiden não é som de animar churrasco, assim como não gosto de dormir ouvindo axé...

Belo texto, caro amigo escriba!
Abs!

 
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