sexta-feira, julho 31, 2009

Pronunced Leh-nerd Skin-ner - Lynyrd Skynyrd


(Texto postado em atraso, excepcionalmente, pois minha internet tem estado uma grande porcaria nos últimos dias)

Caríssimo internauta! Eis que hoje venho escrever meu quinzenal texto no LTBML, sempre às quartas-feiras, só que em um ânimo baixo. Tenho estado muito desatualizado com relação ao cenário musical atual e, para não cansar, achei por bem não postar novamente fatos do jazz. Já comentei literatura e cinema recentemente, então o caminho seria a música. Mas o quê?

Escutei Wallflowers e Arctic Monkeys ontem, na busca pela inspiração. A segunda foi muito badalada no ano passado; mais uma banda britânica com um som diferente e interessante; o problema é que não me mexeu, não agradou meus ouvidos, à exceção de poucas canções como Mardy Bum.

Wallflowers, por outro lado, tem uma trajetória maior, mais álbuns, e tem o filho de Bob Dylan no vocal; um som agradável, admito, só que apenas One Headlight e Josephine me parecem músicas notáveis. E ainda tenho que ressaltar que não são notáveis por qualquer aspecto técnico inovador, apenas por uma alegria e uma beleza profunda, respectivamente.

Enfim, ambas valem uns minutos. São boas, e a segunda me agradou mais. Entretanto, texto no LTBML eu não escrevo só por isso.

Depois desse nariz de cera enorme – e que seria execrado pelos meus colegas de profissão –, vamos ao que interessa. O tema da noite é uma banda cuja trajetória envolve tragédia e músicas sensacionais. Infelizmente não conheço o repertório tanto quanto gostaria, pois não é a coisa mais fácil de se encontrar para baixar. Usarei este texto como incentivo para saber mais sobre Lynyrd Skynyrd.

O Lynyrd é uma banda de Southern Rock norte-americana que estourou na década de 1970. Algo na mesma linha seria o Allman Brothers, que também bebe na fonte do country e do blues. Talvez a maior companheira de Southern do Lynyrd, entretanto, seja o Creedence, cuja carreira merecerá palavras no LTBML no futuro.

Continuando. O primeiro álbum veio em 1973, e chamava-se Pronunced Leh-nerd Skin-nerd, em uma analogia ao grafismo confuso do próprio nome da banda. É nesse LP que podemos encontrar a eterna Free Bird, além da perfeita Simple Man. Apesar de longa, Free Bird dominou as rádios e alçou o compositor e vocalista Ronnie Van Zant a um novo patamar. Após o sucesso do primeiro álbum, o Lynyrd foi convidado por Pete Townshend, do The Who, para abrir os shows da turnê Quadrophenia. Mérito mais do que merecido.

No entanto a história do rock nos mostra que não só de boas letras e de bom som é que se fazem os grandes. Tragédias ou polêmicas poderiam ser o trampolim para a eternização. Nesse caso foi a tragédia.

Após gravarem um segundo álbum em 1974 (Second Helping), cujo maior sucesso era Sweet Home Alabama; o lançamento, sem muita convicção por parte dos próprios integrantes, de um terceiro em 1975; e da turnê “da Tortura”, na qual os músicos do Lynyrd se desentenderam e se desgastaram em brigas contínuas, a primeira mancha de sangue surgiu na trajetória dos rapazes de Jacksonville.

Em um final de semana de 1976, os guitarristas Gary Rossington e Allen Collins sofrem acidentes simultâneos de automóvel e a banda é obrigada a diminuir o ritmo frenético de shows. Mais um álbum viria em 1977, Street Survivors, e em outubro daquele ano o destino selaria para o bem e para o mal a história do Lynyrd Skynyrd.

Para o mal, pois o avião da banda decolou em 20 de outubro e caiu dos céus deixando apenas dois sobreviventes. Para o bem, pois uma boa banda de Southern Rock se tornou um mito do rock internacional.

Há muitas outras músicas ótimas na história do Lynyrd, uma das minhas favoritas é Double Trouble. Vale a pena baixar. Vá atrás também de Heartbreaker Hotel, Lucky Man, That Smell e, principalmente, de Travellin Man. Ah, e caso queria conhecer uma banda herdeira do Southern, procure Kings of Leon.




P.S.: Assista aqui a um clipe da música Free Bird

quarta-feira, julho 22, 2009

Alucinação - Belchior



Um Cearense e um Disco

Esta semana decidi utilizar esse espaço para uma indicação pessoal pouco convencional. Desculpem os que lêem este espaço pelos “hits” do momento ou pelos clássicos incontestáveis, mas para fugir um pouco do lugar comum, das indicações para todos os gostos e dos consensos resolvi falar de um poeta e músico muito pouco valorizado.

Imaginei a história de um cearense cabra da peste. Poeta como ele só, contada por ele mesmo - utilizando um dos meus discos prediletos na história da música popular brasileira, suas letras e composições.

A história começa assim:

Apenas um rapaz Latino-Americano sem dinheiro no banco sem parentes importantes e vindo do interior. Jovem que desce do norte para cidade grande, os pés cansados e feridos de andar légua tirana. Vinte e cinco anos de sonho e de sangue e de América do Sul; que por força deste destino, um tango argentino lhe cai bem melhor que um blues.

A história é ... talvez, é talvez igual a tua, jovem que desceu do norte que no sul viveu na rua, e que ficou desnorteado(como é comum no seu tempo), e que ficou desapontado(como é comum no seu tempo), e que ficou apaixonado e violento.

Como cenários:

Grande cidade, São Paulo, a solidão das pessoas das capitais.

Um preto, um pobre, uma estudante, uma mulher sozinha, blue jeans e motocicletas, pessoas cinzas normais, garotas dentro da noite.Revólver: cheira cachorro. Os humilhados do parque com os seus jornais...

O início da trajetória:

Em cada esquina que passava, um guarda que parava, pedia os documentos e depoissorria, examinando o três-por-quatro da fotografia e estranhando o nome do lugar de onde vinha.

Tendo ouvido muitos discos, conversado com pessoas caminhado o caminho papo, som, dentro da noite...

Lições importantes aprendidas pelo caminho:

1 - Viver é melhor que sonhar e qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa

2 - No presente a mente, o corpo é diferente, e o passado é uma roupa(colorida) que não nos serve mais

3 -Veloso o sol não é tão bonito pra quem vem do norte e vai viver na rua...

4 - A noite fria ensina a amar mais o dia e pela dor descobrir o poder da alegria

5 - AMAR E MUDAR AS COISAS É O QUE INTERESSA MAIS
Das revoluções e das revoltas: algumas máximas:

1 -A alucinação, é suportar o dia-a-dia e o delírio é a experiência com coisas reais

2 - Sempre desobedecer. Nunca reverenciar.

3 - Deus é brasileiro e anda do nosso lado, e assim já não podemos sofrer no ano passado

Uma pergunta sem resposta:

- Como Poe, poeta louco americano, eu pergunto ao passarinho: "Blackbird, o que se faz?"

Pedidos a todos que acompanharam o breve ato:

1 - Não peça que lhe faça uma canção como se deve: correta, branca, suave, muito limpa, muito leve. Sons, palavras, são navalhas e não posso cantar como convém sem querer ferir ninguém...

2 - Sei, que assim falando, pensas que esse desespero é moda em 73. Mas quero é que esse canto torto, feito faca, corte a carne de vocês.

Contra a ignorância individual ou coletiva, contra a surdez parcial ou seletiva, contra a moda e os modismos que sempre arrebentaram com nossa cultura regional indico este disco que transpira emoção, sentimento e lirismo. Pela força das expressões, pelo vigor das palavras não havia outra forma de expor melhor este trabalho.

Senhores com vocês o cearense Belchior. Descrição retirada quase que na íntegra do disco “Alucinação” de 1976.

quarta-feira, julho 15, 2009

Bernard Cornwell


Já faz algum tempo que ensaio escrever um texto sobre este autor. Relutava, admito, pois muitos não o considerariam incluído na alta-literatura. Porém, não sou de deixar uma boa leitura de lado.

Anteriormente afirmei que Best-sellers poderiam ajudar as pessoas a criar gosto pela leitura. E, pois bem, sem preconceito, vamos falar de Bernard Cornwell.

Primeiramente ele não é um Best-seller do tipo Sidney Sheldon ou, para os mais novos, Dan Brown. Ele é um escritor talentoso e que, graças a um bom senso latente - e uma paixão incontida pela história inglesa –, embasa seus romances em pesquisas históricas. Ou seja, a categoria certa para enquadrar os livros de Cornwell seria a de Romances Históricos.

Conheci esse autor britânico em 2005, com a leitura de Excalibur, terceiro livro da série As Crônicas de Arthur. Sempre tive uma tendência à música britânica e a autores britânicos, então, gostar de histórias a respeito de Arthur, Merlin, druidas, Avalon e etc, era um caminho lógico. Mas além do tema interessante, Cornwell me surpreendeu ao ter uma prosa fluente e ao mesmo tempo rica em detalhes, sabendo balancear bem momentos densos e batalhas sangrentas.

Sangrentas sim! Pois ao contrário de relatos mistificados de celtas fazendo feitiços, de uma Atlântida ressurgida, ou de brilhantes armaduras e cavaleiros honrados, o autor britânico nos apresenta feiticeiros tribais com cabelos espetados com estrume, paredes de escudos violentas e um Arthur que não é rei.

Camelot? Mera lenda. A Távola Redonda? Uma coincidência. O herói Lancelot? Usurpador e covarde.

Nascido em Londres, em 1944, Bernard Cornwell não se tornou um dos mais importantes escritores da Grã-Bretanha fantasiando com seus personagens. É claro que considerando suas obras dentro da ficção, tudo é uma fantasia. Mas você me entendeu. Com base em relatos da época (escritores medievais) e em pesquisas de historiadores atuais, é possível entrever que o mundo descrito por Cornwell é o mais próximo da realidade daqueles tempos.


E não só Arthur. Afinal, mesmo os especialistas não chegam à conclusão alguma sobre a existência ou não do líder Arthur.

No momento estou lendo a série Crônicas Saxônicas. Mais uma vez a Inglaterra como palco de suas obras. O personagem principal é Uthred, um exilado da Nortúmbria entre os dinamarqueses que invadiam as ilhas britânicas no século IX. Uma série de quatro livros, cujos dois primeiros devorei rapidamente, e a qual tem como pano de fundo a luta do rei Alfredo, de Wessex, contra a horda nórdica decidida a dominar toda a Inglaterra.



Também interessante é o livro Stonehenge, que narra uma possível história sobre a origem do famoso círculo de pedras ao sul da Inglaterra. O enredo se desenrola sobre as vidas de três irmãos muito diferentes e que, no decorrer do texto hábil de Cornwell, descortinam os valores e as crenças do povo que habitava a Grã-Bretanha na Idade do Bronze.

Por fim, talvez tenha sido mais um relato admirado do que um texto objetivo sobre um autor, mas não podia deixar de recomendar a leitura de Bernard Cornwell ao internauta que passar pelo LTBML. Ele produz aquele tipo de livro do qual você só desgruda quando termina de ler, e sempre espera pelo próximo. Por sorte, há séries bem longas, como a intitulada Tigre de Sharpre, que se ambienta na colonização inglesa na Índia – esta com 20 livros. E, para aqueles que não gostam muito de ler, sugiro baixar na Internet os filmes de TV a respeito dessa última obra, pois a BBC teve o trabalho primoroso de dar vida as palavras muito bem escritas de Bernard Cornwell.

quarta-feira, julho 08, 2009

O Estrangeiro - Albert Camus



“Para que tudo ficasse consumado, para que me sentisse menos só, faltava-me desejar que houvesse muito público no dia da minha execução e que os espectadores me recebessem com gritos de ódio” ( O Estrangeiro, Albert Camus)

Com estas palavras se encerra o livro “O Estrangeiro” de Albert Camus, talvez uma das mais perfeitas alegorias já criadas sobre o absurdo da existência humana. O livro foi rotulado por muitos como um dos mais importantes representante da corrente existencialista, que crescia em influência sobre os intelectuais da Europa após a 2° Guerra Mundial, mas Camus insistia em dizer que sua obra se focava apenas no absurdo da condição humana.

Muito do desencanto presente no livro vem das experiências vivenciadas pelo autor, nascido em 1913 na Argélia em uma família pobre viveu sua juventude em uma realidade cercada de miséria e guerras. Formou-se doutor em filosofia com uma tese sobre Santo Agostinho e durante sua vida cultivou uma estreita amizade com o filósofo existencialista Jean Paul Sartre.

O Estrangeiro é considerado até hoje sua obra máxima, um livro desconcertante e inovador. Camus optou por dividir sua história em duas partes. Narrada em primeira pessoa pelo obscuro Mersault a primeira metade do livro mostra as atitudes e o comportamento desprovido de emoções da personagem principal e as reações adversas que esse comportamento gera nas pessoas a sua volta, enquanto a segunda parte mostra as conseqüências geradas por essas atitudes e a punição exigida pela sociedade a esse tipo de comportamento, numa construção simples na relação crime/castigo.

A narrativa tem início com Mersault anunciando a morte da mãe, um estranho completo para o leitor, que durante toda a obra não terá nenhuma informação adicional sobre o passado da personagem. Logo nas primeiras linhas nos causa desconforto as atitudes de Mersault em relação a morte da mãe, sua indiferença, sua frieza e a maneira prática com que trata a organização de sua agenda para a cerimônia do funeral. Conseguir o dia de folga , almoçar, obter uma gravata preta, viajar oitenta quilômetros e voltar de luto.

Durante o funeral seu comportamento desperta estranhamento, desprezo e até uma certa repugnância a todos que observam incrédulos a figura de um homem indiferente a morte da mãe.

Mersault culpa o sono e na realidade não vê nenhum problema em suas atitudes. Em nenhum momento ele cede as pressões sociais a ponto de simular emoções que não sente. Crítica forte e poderosa é feita nesse primeiro momento do livro. Quando choramos a morte de alguém será que estamos realmente exprimindo nossos sentimentos ou apenas nos comportando como nos é socialmente recomendável?

Até que ponto nossas emoções não são sugestionadas por pressões externas da sociedade?

Talvez o grande incômodo causado em nós por Mersault seja sua transparência, sua sinceridade inabalável e seu total distanciamento das pressões exercidas pelas relações sociais a sua volta, uma espécie de liberdade moral, mas que é conduzida por ele através de uma apatia silenciosa, sem nenhum tipo de revolta, apenas uma aceitação do absurdo que o cerca.

Um dia após o enterro de sua mãe ele se aproxima de Maria, e inicia uma relação baseada no sexo, reagindo ao lado sentimental deste relacionamento com desdém. Mesmo sua relação com o vizinho Raimundo é regida por uma ordem prática, Mersault opta por ajudar seu vizinho ao testemunhar sobre uma briga entre este e uma amante àrabe apenas por conveniência, sem possuir motivos para negar o pedido ele o aceita e esse simples gesto desencadeia a tragédia que conduz ao segundo momento do livro.

Mersault e Raimundo, durante um passeio de fim de semana, se encontram em uma praia com o irmão da amante agredida e após um primeiro conflito onde o árabe fere Raimundo, Mersault retorna a praia e por causa do forte sol quente, em um momento de delírio, atinge com um tiro o estrangeiro.

Sem nenhuma explicação Mersault se aproxima do árabe caído e deflagra mais quatro tiros, talvez no único momento de catarse emocional vivida pela personagem durante toda a obra de Camus. Neste instante percebemos que o único momento realmente passional da história acontece pelo efeito do Sol quente que afeta a racionalidade de Mersault e libera um instinto primitivo de agressão e ódio.

A partir desse ponto tem início a segunda metade do livro que se ocupa de oferecer a Mersault o castigo pela sua falta de sentimentos. A jogada de mestre de Camus neste momento é focar a ação de todos os personagens envolvidos no julgamento, não no crime cometido e assumido por Mersault, mas em uma condenação baseada na falta de sentimentos demonstrada pelo réu no enterro de sua mãe.

Os advogados de defesa e de acusação, o juri, as testemunhas e até o padre que visita Mersault na cadeia, todos tentam forçar sem sucesso uma reação emocional da personagem exigindo dela uma resposta passional, mesmo que simulada, à morte da mãe. Camus critica abertamente a hipocrisia presente na emoção em conflito permanente com a racionalidade ao mostrar que o assassinato neste ponto já não era relevante e que o juri funcionava como um grande teatro farsesco para condenar o niilismo de Mersault.

Durante toda a narrativa sentimos um profundo incômodo com a prosa seca de Camus. As linhas seguem de forma direta e sem rodeios e todo o livro passa a impressão de cenas repletas de silêncio e em tons pastel como se a realidade superexposta pelo autor viesse morta. Percebemos no final as intenções do autor que não nos diz nada sobre o futuro de Mersault, porque no final isto não importa.

O que incomoda é percebermos que o tal “Estrangeiro” do título, não é aquele assassinado no meio da obra, mas sim Mersault - que utiliza sua visão impar despida de sentimentos para nos mostrar em primeira pessoa o absurdo do existir.

Esmagado pelas pressões sociais em um mundo que lhe parece absurdo, a resposta de Mersault é a indiferença. O amor, a amizade, o medo da morte enfim nenhum sentimento é extravasado apenas aceito como inevitável. O julgamento estabelecido pela narrativa não é de atos e sim de valores.

O livro termina brilhantemente com a suposta condenação do réu, deixando uma insatisfação geral e um nó na garganta. A obra imbatível de Camus nos convoca em suas linhas finais, como último desejo de Mersault, a executarmos com gritos de ódio o estrangeiro do título.

Texto publicado originalmente em minha coluna sobre cultura no site http://www.atibaianews.com.br/

quarta-feira, julho 01, 2009

Powder Blue (2009)


Boa noite, caros amigos.

O texto de hoje era para ter sido muitas coisas, mas, definitivamente, não o que acabou sendo. Estava pensando em muitos temas. Desde uma enquete sobre qual seria o melhor Godfather: De Niro ou Brando; até uma lista de autores e uma breve história sobre a lenda Arthuriana.

Numa noite fria, nesse meu chalé nas montanhas de Piracaia, após três doses de Jack Daniels, e com um filme que me surpreendeu agradavelmente, eis que me surgiu o tema para o post dessa semana do LTBML.

Com certeza você, leitor, já assistiu alguns filmes daqueles em que muitas histórias aparentemente independentes se cruzam em um enredo bem bolado e interessante. Talvez o exemplo mais bem sucedido nos dias atuais seja Crash, de 2004, vencedor de três Oscars em 2006 (Melhor Filme, Melhor Roteiro Original e Melhor Edição).

Pois bem, Powder Blue – que ainda não estreou por aqui – é uma dessas produções. Com certeza não um Crash, porém tem um roteiro muito bem trabalhado, além de contar com um elenco competente e uma direção sem excessos. É certo que existe um ou outro clichê, mas quem disse que bons filmes não os podem ter.

É muito provável que você ainda não tenha ouvido falar deste drama, contudo pode ter visto em alguns sites que a estrela hollywoodiana Jessica Biel aparece nua em algumas cenas. É verdade. Espetáculo a parte, certamente. Mas não o centro de Powder Blue.

Além de Jessica, o elenco conta ainda com outros nomes de peso. O último rei da Escócia, Forrest Withaker, interpreta um personagem denso que, nas poucas aparições (em comparação), transmite completa e profundamente a crise existencial pela qual está passando. Patrick Swayze, quase irreconhecível – se pela doença ou pela maquiagem é difícil saber –, faz participações breves mas convincentes, e dá crédito ao seu cafetão de strip-house. Ray Liotta – o qual nunca me convenceu como ator – é o mais fraco em cena, e não digo isso como uma crítica – apesar do que possa parecer; pelo contrário, diante de seus outros pares, mesmo sendo o menos surpreendente, é com prazer que você acredita que seu personagem é o que promete ser. Phoebe Bufay, ou melhor, Lisa Kudrow também aparece em algumas tomadas e não decepciona.


Porém, a grande surpresa fica a cargo de Eddie Redmayne, um rosto que você reconhecerá de alguma comédia adolescente ou de algum papel coadjuvante. Só para citar alguns filmes: ambos os Elizabeths, e também The Other Boleyn Girl (traduzido no Brasil como A Outra – com Natalie Portman, Scarlet Johansson e Eric Bana).

Enfim, este drama cruza a história de uma stripper (Biel), de um suicida (Whitaker), de um coveiro (Redmayne) e de um ex-presidiário (Liotta), de maneira acertada e sem exageros. Mérito da direção do vietnamita Timothy Linh Bui, que igualmente assina o roteiro. A fotografia é outro ponto a favor da produção e foi idealizada por Jonathan Sela.

Powder Blue, se não merece um Oscar, merece ao menos que você o assista, caso seja seu gênero de filme. Como foi para mim, talvez seja uma agradável surpresa numa noite fria.

P.S.: Aos cuecas de plantão, que só verão o filme pelas cenas com Jéssica Biel, não posso negar o comentário de que a dança em que ela joga cera de vela no corpo é fenomenal. Belíssima!
 
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