sábado, novembro 11, 2006

V for Vendetta - Filme - Irmãos Wachowski


Mr Creedy -
Die, Die, Why won´t you die ? Why won´t you Die ?

V - Beath this mask, there´s more than flesh, beneath this mask there´s an idea Mr Creedy, and ideas are bulletproof


Não conhecia a hq de Alan More admito. Sei que fiz o caminho incorreto ao assistir primeiro a adaptação sem saber exatamente o que estava sendo adaptado, mas de certa forma meu senso de julgamento tinha contra os irmãos Wachowski um certo ressentimento e desesperança, pelos decepcionantes Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, o que me condicionava a já assistir o filme esperando que o mesmo fosse inferior a obra original.

Depois de entregar a instigante história de Neo, em uma revolução de movimentos de câmera com um roteiro de psicanálise profunda, os irmãos de nome estranho tinham em suas mãos o poder para mudar o rumo da ficção científica e jogaram tudo no buraco; ao apostar em seqüências cheias de ação, cenas espantosas efeitos excepcionais e pouco cérebro os Wachowskis não pareciam a opção mais indicada para adaptar V de Vingança.

Eu imaginava que eles se dariam bem com franquias de heróis de mais ação como a própria Liga Extraordinária, também de Alan More, o que permitiria um número maior de malabarismos e estripulias da câmera imprevisível dos irmãos, mas sinceramente...

fiquei com certo receio ao saber que uma graphic novel psicológica como V for Vendetta seria conduzida por diretores que podiam a qualquer momento se render ao apelo estético de tornar o terrorista título da hq em uma máquina de matar com armas brancas e muita coreografia em câmera lenta.

Ainda bem que estava errado. Na verdade errei feio.

O filme é todo conduzido pelo par de personagens centrais literalmente encarnados por Natalie Portman como a confusa Evey e Hugo Weaving, atrás da máscara de Guy Falkes que nunca sai do rosto do terrorista V. A história e a ideologia do filme já foram discutidas aqui, mas o que me chamou a atenção na adaptação ao cinema é o quanto a obra se manteve fiel a idéia de sua gênese; do começo ao fim o que vemos é o lado dos terroristas e suas motivações, sem politicagens e discursos de direita, o anarquismo de V parte do princípio que o poder do povo deve brotar da revolução, mesmo que a revolução comece do caos.

A câmera e a direção foram seguras durante todo o filme, entregando boas cenas de ação em tomadas rápidas e cortes secos, guardando para o clímax e somente para esse momento as câmeras lentas que se tornaram ícone do cinema pós Matrix.

Em um mundo onde Bin Laden é uma espécie de Fawkes moderno ainda em liberdade é gratificante ver uma obra polêmica como V for Vendetta chegar ao público com sua alma incólume de maiores censuras, não sei de vocês mas depois de assistir ao filme eu quis desesperadamente comprar uma máscara de Fawkes , da mesma forma que após assistir Clube da Luta pela primeira vez eu me interessei pelo mote “ use sabonete”. Lógico que ninguém vai sair por aí fabricando nitroglicerina no quintal de casa para explodir o senado, mas em uma realidade de tantos desgostos políticos o máximo que podemos fazer é torcer, mesmo que baixinho, para os anti-heróis do nosso tempo, por mais subversivo que isso possa parecer.

ATENÇÃO: Abaixo encontrei no youtube a cena final de V for Vendetta, o clímax onde os Wachowski finalmente usam suas câmeras lentas a lá matrix para conduzir a ação, portanto se você não assistiu não aperte o play. Decidi colocar a cena aqui porque ela é muito boa e todo mundo que já assistiu ao filme com certeza gostaria de revê-la.




2 Comentários:

Bruno Calixto disse...

Opa! Muito tempo que eu não passo por aqui!
Primeiro quero elogiar os textos sobre O dia do Curinga e sobre o Saramago, que estão muito bons! (aliás, saiu uma crítica na Folha, não me lembro de quem agora, que simplesmente destruia o Saramago).
Quanto ao filme, não vi ainda, mas fiquei curioso. E concordo com o que foi dito quanto ao Matrix: as continuações são de dar pena!
Abs

Bruno Calixto disse...

Fala Cara, blz?
O cd novo do caetano ja ta disponivel no RadioUol... também da pra ouvir as músicas no www.caetanoveloso.com.br
Qualquer coisa, se vc quiser, eu tenho o cd... ta certo que sua casa é longe, mas eu posso levar aí...
Abs
Bruno

 
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