terça-feira, outubro 24, 2006

Cat Stevens

I listen to the wind to the wind of my soul Where I'll end up well I think, only God really knows I've sat upon the setting sun But never, never never never I never wanted water once No, never, never, never I listen to my words but they fall far below I let my music take me where my heart wants to go I swam upon the devil's lake But never, never never never I'll never make the same mistake No, never, never, never

The Wind - Cat Stevens


Acredito que independente de torres sendo derrubadas por aviões e terroristas se explodindo ao redor do mundo, Alá é muito mais inteligente que seus seguidores mais radicais. Os grandes atentados ao mundo ocidental e ao American Way of Life começaram muito antes do fatídico 11 de setembro ou das entradas desastrosas de Bush pai na Guerra do Golfo e Bush filho no Afeganistão, como medida preventiva, a força do Islamismo atacava nossa tão frágil e dependente cultura consumista mexendo com nossa idolatria, nos dando bezerros de ouro e depois nos punindo pelo fato de tê-los adorado. Calma eu explico.

Cat Stevens e Cassius Clay depois de terem imobilizado o mundo e as câmeras ao redor de música transpirante e punhos imbatíveis se converteram ao islamismo e abandonaram a mídia deixando órfãos uma geração confusa que nem sabia pra que lado ficava Meca.

Steven Demetre Georgiou, filho de pai Grego e mãe Sueca, nascido na Inglaterra, não foi um guitar hero como Jimmy page, não foi uma voz marcante como a de Cash, nem teve o brilho de compositor de Lennon e Macartney, mas acabou conquistando dois terços do mundo civilizado com sua música singela e apaixonante, quase que irresistível .

Pelo pouco que me lembro das minhas aulas de catequese um dos maiores profetas bíblicos, Abraão, era gago e talvez seja isso que impulsiona os desacreditados, a superação. Assim como Cassius Clay lutou 12 assaltos com o maxilar quebrado contra Ken Norton e venceu, Cat Stevens abriu o mar vermelho da América com um violão ao lançar Tea for the Tillerman (1970), e conquistar o país do Tio Sam com composições simples e belas como Wild World, Father and Son e Sad Lisa, em um momento em que a musica vivia uma reviravolta com o fim dos Beatles e com o surgimento de tubarões como Pink Floyd e Led Zeppelin.

Analisando sua música e sua discografia é fácil entender porque Cat Stevens conquistou a todos .Suas composições transbordavam vida e mesmo as mais tristes traziam uma mensagem de esperança. Father and Son é uma das homenagens mais emocionantes registradas em forma de música talvez só comparada em solo tupiniquim à ótima “O Filho que eu quero Ter” de Vinicius e Toquinho (não vou nem citar a cópia mal feita do Fábio Junior que parece uma marchinha de carnaval). Wild World é deliciosa com seu violão inconfundível, Peace Train música gravada contra a Guerra no Iraque, parecia uma profecia para que tudo parasse antes do pior e por fim uma pérola pouco lembrada mas que para mim é uma de suas melhores músicas, The Wind, que já previa um possível chamado no fundo da alma a algo maior na vida do cantor. Não consigo imaginar alguém que soe parecido com Cat, talvez se Simon and Garfunkel fossem um, ou ainda talvez seja mais fácil descrevê-lo através de imagens como em Morning has Broken,

“ Uma manhã que rompe , como se fosse a primeira das manhãs. Ou um melro que canta como se fosse o primeiro dos pássaros....”

Yussuf Islam, o nome que adotou após ter se convertido ao islamismo e abandonado o mundo da música em 1978, foi o maior atentado terrorista cultural que eu presenciei, não foi assassinado, ou teve uma overdose, tão pouco se suicidou, apenas nos abandonou por uma causa. E isso que dói.


Discografia Aqui

4 Comentários:

Anônimo disse...

Eu não sei escrever muito bem como você, mas vejo que há um grande talento!
Parabéns
Mariele

Bruno Calixto disse...

Cat Steves é um exemplo pra mim. Será que eu trocaria um mundo concreto (material, de consumo e de sucesso) por uma causa? Essa dúvida é que dói.

E já que o assunto passa pelo middle east, vou deixar um link loko aqui:

http://www.mapsofwar.com/ind/imperial-history.html

Abs

Alexandre Azank disse...

Sem dúvida um cara de atitude! Poucos alcançam o sucesso e têm coragem de abrir mão dele em detrimento de uma causa.

Anônimo disse...

Acredite: seu texto sobre Stevens é de longe o melhor em língua portuguesa, disponível na web. Não sendo biográfico, é uma maravilhosa fotografia verbo-lingüística. Parabéns.

 
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