I don't know just where I'm going
But I'm gonna try for the kingdom if I can
'Cause it makes me feel like I'm a man
When I put a spike into my vein
Then I tell you things aren't quite the same
When I'm rushing on my run
And I feel just like Jesus' son
And I guess that I just don't know
Heroin - In Velvet Underground and Nico...
Rótulos.
Muitas bandas se tornam atemporais e transcendem o tempo e o espaço graças aos rótulos. E infelizmente o Velvet Underground é assim. A musicalidade inexplicável do grupo nascido nos subúrbios de Nova York é muito mais que o grande rótulo que se tornou. A banda carrega para si o duro fardo de conter em sua formação virtuosismos dispares e loucos como o de Lou Reed( voz e guitarra) e John Cale(baixo,piano e violoncelo), totalmente incompreensíveis para seu tempo, os músicos iniciaram um processo autodestrutivo que rompia com os padrões convencionais de som, e depois de ser um fracasso em sua época o Velvet só foi ser “compreendido” anos depois.
O remorso de toda a crítica musical e boa parte da elite intelectual da época, que ignoraram o VU e a geração beat, foi fundamental para a criação dos rótulos que hoje saem redondo das bocas de qualquer pessoa com um conhecimento musical razoável. Todos dirão que a banda nova-iorquina foi um dos grupos mais criativos da história, que ele inventou o rock alternativo e influenciou Nirvana e quase toda produção decente da década de 90, que o som da banda é “experimental” e de difícil compreensão.
Sinceramente ? Para mim O Velvet é muito mais que isso. Ele é o retrato de uma geração que não existe mais e por isso é tão idolatrado. Acredito que poucos, bem poucos escutam e sentem de verdade o que a banda representa, a maioria vai no oba-oba e diz que nunca ouviu nada igual. O VU é mais que somente musica ele envolve nomes como Andy Warholl, Burroughs e Kerouac e toda mítica ao redor da Factory.
A Factory ou A Fabrica era um “retiro” de artistas onde prostitutas, drogados, poetas, atores,cineastas falidos e músicos se reuniam sob a tutela de Warholl, entre orgias e muita droga o resultado obtido nos limites da percepção era convertido em literatura,teatro,cinema e música.
Formado por Lou Reed,John Cale, Sterling Morrison e Moe Tucker, o V.U. era uma reunião da nata do lixo de Nova York que se escondia nos escombros da Factory, e enquanto as biografias tratam de representar os músicos como gênios, prefiro visualiza-los como poetas malditos subversivamente geniais, a modelo Nico que participou do primeiro e mais importante disco da banda é sempre tratada como uma imposição de Warhol para que o disco saísse, pela sua voz incontestavelmente autêntica e diferenciada. Porque ninguém fala que ela transava com o Warhol, com o Reed, com o Cale e com metade da factory ? Porque todo mundo fala a “modelo” e não a puta ?
Existe muito mais subversão sobre o Veludo. Reed e Cale eram egos inflamados que discutiam de tudo, do direcionamento da banda, até o existencialismo metafísico. Se respeitavam, mas o Velvet era pequeno demais para os dois, um dos motivos que causou a queda de qualidade dos discos da banda e seu fim.
Entre outras injustiças ou justiças forçosas está o mito da genialidade da carreira da banda. O primeiro disco que possuía a capa pintada por Andy Warhol e trazia uma banana em fundo branco, realmente é um dos melhores álbuns da historia do rock, mas os três discos seguintes apesar das inovações e do experimentalismo não amarram o cadarço do primeiro.
Alguns hinos atemporais como Venus in Furs, Heroin e Femme Fatale só reforçam as teorias sobre a musicalidade incontestavel dos "beats" da Factory, mas o maior prazer é ouvi-los como quem acaba de abrir um cd cheirando a novo de uma banda desconhecida.
Esqueça o Nirvana, o Wilco, o Echo and The Bunnymen e escute uma vez Velvet apenas como Velvet. É inegável o fato que a banda influenciou e muito o rock, mas a gênese é diferente do legado.
Leia o rótulo, mas curta o sabor.
1 Comentário:
Legal o artigo sobre o Velvet! Um bom artigo para uma boa banda! Parabéns
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